01/06/2015

Ciclo de oficinas integra intercâmbio entre Brasil e Guiné Bissau




O II Intercâmbio entre Brasil e Guiné Bissau no festival de Gastronomia das Ilhas Bijagós está acontecendo desde a última sexta-feira (22/05), dia em que o grupo brasileiro foi calorosamente recebido na Ilha de Bubaque para a realização de atividades culturais e de formação. Além disso, também foi um excelente momento para rever os amigos, conhecer pessoas e observar a realidade de estar no continente africano, o tradicional modo de vida do povo Bijagó.
        















Já na segunda-feira (25/05) se iniciaram as oficinas de artesanato, comunicação comunitária, audiovisual, capoeira angola, dança, estética e percussão. As atividades são distribuídas entre os turnos da manhã e noite agregando um grande público de crianças, jovens e adultos. Em cada eixo de trabalho a discussão está sempre relacionada ao empoderamento do povo preto afrobrasileiro e africano sobre sua identidade através de djumbais (rodas de conversa) sobre Turismo de Base Comunitária, geração de renda e representatividade.

*Saiba o que está sendo discutido e produzido em cada oficina:


Preta Ashanti realiza oficina de artesanato e customização, criando peças e adereços à partir de elementos encontrados na Ilha de Bubaque, como pedras, conchas, sementes e cipós. Na oficina os participantes confeccionaram filtros dos sonhos, colares, brincos, além da produção das tradicionais bonecas Abayomi também reinventadas em painéis e roupas. Através de djumbais sobre geração de renda o grupo produz suas peças e troca experiências com as artes manuais.



A comunicação como ferramenta de empoderamento e representatividade do povo preto se faz presente nas oficinas de audiovisual e comunicação comunitária, onde a discussão visa uma apropriação de técnicas de produção de conteúdo como forma de divulgação e valorização da cultura local. Na oficina de audiovisual Nana Queiroz levanta questionamentos acerca da má representação que é dada à África nas grandes mídias comerciais, relacionando a realidade do Brasil com a de Guiné Bissau. À partir disso o grupo tem atuado na captação de vídeos e técnicas de montagem e edição para criar os próprios materiais.




A oficina de comunicação comunitária mediada por Nátali Mendes vai no mesmo sentido da discussão de representatividade, fazendo um levantamento sobre os meios de comunicação presentes na comunidade e possibilidades de criação de material escrito afim de agregar a língua oficial de Guiné Bissau, a portuguesa, e o idioma revolucionário, o criol.  Os grupos também interagem nas atividades de cobertura colaborativa do festival.


Muito presente no cotidiano do povo africano, a estética é um importante elemento de afirmação de identidade. Com a oficina de estética afro-brasileira e guineense Dani Jêje e Preta Ashanti realizam espaços de discussão, aprendizado e troca de informações sobre penteados, tranças, torços, turbantes e acessórios tendo o cabelo como referência identitária.



Herança da resistência do povo africano escravizado no Brasil, a capoeira angola, e dança e a percussão afro-brasileiras também fazem parte da programação. Hugo Xoroquê media a oficina de capoeira angola, trazendo um apanhado sócio-histórico da mesma no Brasil e sua importância como um patrimônio cultural. A oficina engloba os principais movimentos da capoeira além dos toques e cantos.  



Junto ao Mestre Jorge Rasta também desenvolve a oficina de percussão, dando continuidade aos trabalhos iniciados em 2013. São 11 instrumentos percussivos típicos do samba que ficarão sob posse da comunidade de Bubaque e hoje integram o grupo de percussão afro-brasileira da Ilha. A oficina de dança afro-brasileira também iniciada em 2013 reúne um grande número de jovens e crianças, onde são desenvolvidos os movimentos relacionados aos Orixás e também ao samba.
 


Junto a todo esse contexto, Mestre Jorge Rasta propõe discussões e articulações com a comunidade local, afim de consolidar um intercâmbio permanente entre os países para a realização de projetos na área de turismo de base comunitária, agricultura familiar, tecnologia, esporte, culinária entre outros eixos que agreguem ações e organizações do Brasil e da Guiné Bissau.



O ciclo de oficinas do Festival de Gastronomia será concluído na próxima quarta-feira, dia 03/06 e o Coletivo Casa do Boneco- Quilombo D’oiti segue com atividades junto à comunidade da Ilha de Bubaque como realização de documentários e intervenção em algumas escolas.  Os aprendizados são imensuráveis e estão se constituindo bonitos laços de amizade, trabalho, unidade e luta. 

Ilha de Bubaque, Guiné Bissau
01 de junho de 2015

Um comentário:

Anne Galvão disse...

Que lindo acompanhar esses acontecimentos daqui!
Mando um forte abraço a todos do grupo, estou muito feliz pela experiência de vocês!
As fotos estão maravilhosas!

Dentro de uns 3 dias devo postar o primeiro vídeo que fiz na página do Sonora Diário de Bordo. Serão dois. Axé!!!

Anne Galvão