09/04/2014

Carta da II Jornada de Agroecologia da Bahia

Os povos do campo e da cidade, reunidos na 2° Jornada de Agroecologia da Bahia, no Assentamento Terra Vista, em Arataca, Território Litoral Sul, entre os dias 12 e 15 de dezembro de 2013, uniram povos e saberes para a defesa irrestrita da agroecologia enquanto um modo de vida e um instrumento para conquistar a soberania de nossos territórios.
Lamentamos o não reconhecimento e apoio digno do Estado Brasileiro para com a agroecologia e com a luta de nossos povos, cuja vida perpassa permanente criminalização, risco e extermínio. O Estado Brasileiro sustenta uma estrutura baseada na exclusão social, quando este financia e apóia o êxodo rural, fomentando pobreza e violência para servir aos interesses do capital, o que distorce seu papel de proteção e garantia de dignidade de seus povos.
O sistema de produção do campo imposto pelo capitalismo, o agronegócio, nos violenta a cada dia. Acumula um histórico de extermínio cultural e territorial, se apropriando de nossos saberes, de nossa ciência e de nossa cultura para fins de dominação, seja transformando tudo em produtos para a indústria e o mercado, seja ridicularizando e espetacularizando a nossa diversidade.
A 2° Jornada é resultante da consolidação da Teia de Agroecologia dos Povos da Cabruca e da Mata Atlântica, formada na 1° Jornada em 2012, para atuar de forma permanente enquanto uma rede que reconstrói a solidariedade entre os povos negros, indígenas, assentados, juventude e crianças e dá um sentido mais amplo à agroecologia, tão distorcida pelo excesso de academicismo, teoricismos e tão pouca prática.
Nós, da Teia, rompemos o tecnicismo perigoso para defender uma agroecologia que une os povos e saberes para garantir saúde para nossos alimentos, solos e águas, saúde para as nossa relações sociais, para nossa identidade cultural, espiritualidade e ancestralidade.
Estamos construindo uma forma de organização entre os povos que busca autonomia política e financeira, através das ações de fortalecimento das experiências agroecológicas em cada território que compõe a Teia, na busca de autogestão e do autofinanciamento. Estamos trabalhando para atuar adequadamente levando em consideração as especificidades de nossas crianças, jovens, homens, mulheres e idosos. Mas não teremos como conquistar essa saúde e autonomia, que representa na verdade novas formas de vida, política e militância, sem garantir nossos territórios e a vida de nosso povo e nossas lideranças.
A agroecologia então, é também uma forma de enfrentamento desse sistema e a Teia se propõe a ter ações solidárias diretas de defesa de nossos povos. Assim, nossa luta segue o caminho irrestrito de defesa da garantia da terra e por uma soberania dos povos que sabemos que só pode ser feita a partir de nosso suor.
Nossa Jornada e nossa Teia renova nossas utopias e nosso poder de seguir: “Nada do povo, para o povo, acima do povo, sem o povo!”
Arataca, Bahia, 15 de dezembro de 2013.

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