12/11/2008

O saber Griot, segundo a cultura Mandingue

Griot / Djeli/ Jali - A enciclopédia viva do Mande

Texto extraido do blog: balletafrokoteban.blogspot.com/ (vá lá e visite!!!)

Vamos começar nossos textos a respeito da cultura mandingue, falando de uma das mais importantes (se não a mais importante) funções na cultura Mandingue: o Griot, ou Djéli.


Quem é o Griot?

Os griots caracterizam uma série de funções importantíssimas na cultura Mandingue, como preservação da história e do conhecimento mandingue atrás da via oral, participações por meio de sua habilidade com as palavras em casamentos, funeirais, iniciações, disseminação da história política e social mandingue, mediação (e muitas vezes resolução) de relações pessoais de diversos tipos. É muito conhecido principalmente por contar histórias, cantando e tocando, ou só por canto. Tem extremo conhecimento musical. Faz parte de uma classificação de profissões muito importantes na cultura mandingue, como os Garanke (que trabalham com couro), os Numu (ferreiros) e os Fune ou Fina (religiosos especializados no alcorão). Uma das grandes habilidades de um griot diz respeito também à genealogia, de eles mesmos, e de famílias da aldeia.
A formação de um griot é realizada de forma hereditária, onde um griot é formado após anos e anos de estudo oral. A família que mais mantém a tradição griot é a família KOYATÉ, cujo primeiro griot foi BALLA FASEKE KOUYATÉ, o griot guardião do balafon de Soumauro Kante.Possui uma memória de poder imensurável, e são verdadeiras "enciclopédias ambulantes". Também existem mulheres griots, chamadas de Djelimusso, que possuem a enorme habilidade do canto e também recitam.

A música dos griots

A música de um griot é feita na forma de canto, ou de discurso, onde se fala sobre genealogias, sabedoria em geral ou história mandingue. Os Griots tocam vários instrumentos, mas geralmente são vistos em suas performances tocando balafon, kora, ou ngoni.



KORA

BALAFON


N'GONI
Geralmente são tocadas melodias muito ricas, enquanto se canta/recita as palavras. As mulheres (Djelimusso) tocam o karignan :



KARIGNAN

Atualmente, os griots saíram de sua região e estão em diversos lugares do mundo, cumprindo sua missão. Em festivais de música, faculdades, ou em quaisquer lugares nos quais sua presença e suas palavras forem solicitadas. A cultura griot adentrou também a música popular, onde sua "forma musical" é usada por artistas contemporâneos, como o excepcional guitarrista Ali Farka Toure. O Griot é uma figura respeitadíssima na cultura mandingue, com sua sabedoria milenar, passada através dos tempos, onde "a palavra possui respiração".

Para conhecer melhor o termo mandingue:

O Mandingue é um dos ritmos mais animados do Guiné (vizinho de Guiné-Bissau), que tem como isntrumentos básicos o Djembê (tambor) e o Korá. As canções do Mandingue, ou Mandinka, são interpretadas em francês e nos dialetos malinké, peulh, soussou e retratam o cotidiano da juventude africana, suas tristezas e alegrias. O ritmo faz parte de uma história centenária, onde o kora, o principal instrumento é ensinado às crianças ainda muito pequenas que devem seguir os costumes e tradições do mandingue por toda a vida. O termo mandingue vem do nome de um grupo étnico de alguns países da África Ocidental. Esse grupo também recebe o nome de Mandinka, assim como sua língua. Atualmente existem mais de três milhões de mandinkas espalhados por diversos países do oeste da África, como Burkina Faso, Costa de Marfim, Gambia, Guiné-Bissau, Guiné, Liberia, Mali, Senegal e Serra Leoa. Diferentemente da raça mandigue, a música mandingue não se expandiu à todos esses países, ficando quase que exclusivamente como uma tradição somente no Guiné.

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