Entre os dias 13 e 17 de outubro a Casa do Boneco de Itacaré (CBI) realizou a vigésima edição do Caruru de Ibeji e as Pedagogingas, sediado pela primeira vez na Fazenda Modelo Quilombo D’Oiti. Com o tema ‘‘Terra, Água e Comunicação - Quilombo D’Oiti: uma possibilidade nos dias da destruição’’ o evento reuniu cerca de 200 pessoas em torno de práticas ancestrais africanas, numa vivência real de aquilombamento e organização comunitária negra em um território autônomo.
A experiência vivida no encontro em 4 dias está situada em um processo histórico muito maior, que começa muito antes, desde o intenso trabalho realizado nos últimos meses pra revitalização do espaço, como o início da sua ocupação em 2005, a trajetória de luta política da CBI nas últimas três décadas ou mesmo o final do século XVIII quando o território abrigou o terceiro maior quilombo da história do Brasil, o Quilombo do Oitizeiro. É nesse sentido de continuidade histórica que a comunidade negra é convocada à construção de um projeto de vida coletivo, centrado na autonomia e autodeterminação dos nossos territórios a partir da cosmovisão africana.
Nas pedagogingas, o compartilhamento dos saberes se dá pela prática da vivência entre os coletivos, comunidades e organizações envolvidas, interação entre as gerações, criação de rede, trocas de experiências e o fortalecimento dos vínculos, além da formação teórico-prática através das oficinas e a ampliação dos debates com os Djumbais*. Foram 15 oficinas e 3 djumbais temáticos, além de intervenções artísticas compondo a programação híbrida, que contou tanto com atividades presenciais quanto online.
CONFIRA ÁLBUM DE FOTOS DAS PEDAGOGINGAS
CONFIRA O ÁLBUM DE FOTOS DO CARURU
CONFIRA COMO FOI O DJUMBAI TERRA
CONFIRA COMO FOI O DJUMBAI ÁGUA
CONFIRA COMO FOI O DJUMBAI COMUNICAÇÃO
O encontro culmina com a celebração do Caruru de Ibeji, tradição mantida pela Casa do Boneco há 20 anos. O banquete ritualístico em homenagem aos orixás-crianças é produzido coletivamente sob supervisão do mestre Jorge Rasta, em um processo que inicia na noite do sábado e perdura pela madrugada, finalizando na manhã do domingo. São confeccionados os pratos tradicionais relacionados aos orixás, que em conjunto, formam o banquete do Caruru, servido em uma grande celebração na tarde do domingo. Tambor, fartura, dendê, suor, força, trabalho e felicidade, o Caruru de Ibeji sela um compromisso ancestral com a continuidade do nosso povo, através das crianças.
Em tempos de destruição, onde a supremacia branka e seus tentáculos seguem nos escravizando, adoecendo e promovendo nossa morte, o quilombo é uma possibilidade não apenas de sobrevivência, mas de existência ao nosso modo, e é na ancestralidade afrikana que encontramos o fundamento que nos mantém vivos. Seguimos de pé e focados na construção da nossa emancipação por todos os meios necessários!
Coletivos/Comunidades:
Kasa de Maat, Cooperativa Ujamaa, Zion House Reggae Camping, Assentamento Terra Vista, Grupo Griô Ayá, Afrociclo, São Caetano Resistência, Bloco afro Idará, Coletivo MUSAS, Coletivo JACA, Coletivo de Entidades Negras, Terreiro Baba Omi Nide, Coletivo Cafe das Pretas, UNILAB - Malês, Revolution Reggae Coité, ÌTÀN - Coletivo da UFSB, Afoxé Kambalagwanze, Griolab, Aldeia Catarina Paraguaçú, Quilombo Flores, Quilombo Jequitibá, Quilombo do Engenho da Ponte - Cachoeira BA
Coletivo casa Monxtra, Coletivo de mulheres Antiproibicionistas do interior da Bahia – COMAIB, Slam Das Minas Ba, Ilè Àṣẹ Ọya Ni, Candaces - Rede Nacional de Lésbicas e Bissexuais Negras e Feministas, UESC, UFBA, IPEAFRO.
OFICINAS
Kemetic Yoga - Rekhet Yoga e Rosa Natalino (online)
Teatrinho Griô Ayá - Lala Malego (online)
Percussão - Kinho Percussionista (online)
Desenhos básicos pra esculturas - Júlio Costa MUSAS (online)
Contação de histórias: Criando e Contando - Anna Luísa – Projeto Crianças de Axé (online)
Teatrinho Griô Ayá - Luz Marques e Vitor Navar
Terra, território e Agroecologia - Mestre Joelson Ferreira
Confecção de Bonecos - Mestre Elias e Adriana Rosário
Corpo Costurando Poesia - Lua Preta e Jam Sankofa
Teatro do Oprimido - Carlos Matias
Kemetic Yoga - Kofi Heru e Ana Luzia Wadjet
Canoa Polinésia - Thiago Dias
Corpo como ambiente de autoconhecimento - Paco Gomes
Defesa Pessoal - Gabriel Garcia
Manipulação de Bonecos - Mestre Elias e Adriana Rosário
Capoeira Holística - Mestre Wellington
Escrita Criativa - Fabiana Lima
APOIO/AGRADECIMENTOS:
Kasa de Maat, Meire Kazumbá, Cooperativa Ujamaa, Sinasefe, Sindade, Werê, Diego de Bidal, Teia dos Povos, Assentamento Terra Vista, Coletivo Casa Preta, Quilombo do Engenho da Ponte, Aline Mimoso, Casa de Cultura Tainã, Sílvio Humberto, Marcelino Galo, Ivana, Pousada e Navio Camping Pop, Pousada Odoyá, Pousada Cristal e Gráfica XColorum.